AS INTERFACES DA NEUROLOGIA COM A PSICANÁLISE

Departamento de Pós – Graduação e Pesquisa

FUNESO – UNESF – UNIDERC

Curso: Mestrado em Psicanálise em Educação e Saúde

Aluna: Terezinha Pereira de Vasconcelos

Disciplina: Neurologia

Prof. Dr. Wellington Martins

Resenha Crítica

AS INTERFACES DA NEUROLOGIA COM A PSICANÁLISE

Campina Grande

2012

 Resenha Crítica

AS INTERFACES DA NEUROLOGIA COM A PSICANÁLISE

 

  Terezinha Pereira de Vasconcelos

 terezinhavasconcelosadv@hotmail.com 

MASIERO, André Luis et al. A crítica Freudiana ao Reducionismo Biológico. Mestre e Doutor em Psicologia pela USP, Professor-assistente da PUC-MG, Coordenador-adjunto do curso de Psicologia PUC-MG, Coordenador do Núcleo de Estudos Psicanalíticos – Poços de Caldas-MG.

ESPERIDIÃO, Vanderson et al. Neurologia das Emoções. Mestre em Ciências Morfológicas. Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).

Os autores abordam a “natureza” das emoções como sendo tematizada em diferentes manifestações da cultura como a arte, a religião, a filosofia e a ciência, desde tempos imemoriais. A partir dos estudos envolvendo o sistema límbico que é a unidade responsável pelas emoções. É uma região constituída de neurônios, células que formam uma massa cinzenta denominada de lobo límbico. Originou-se a partir da emergência dos mamíferos mais antigos. Através do sistema nervoso autônomo, ele comanda certos comportamentos necessários à sobrevivência de todos os mamíferos, interferindo positiva ou negativamente no funcionamento visceral e na regulamentação metabólica de todo o organismo.

De acordo com Pierre Paul Broca, o qual propôs o primeiro “mapeamento” das funções cerebrais, realizada a partir da observação de pacientes com danos cerebrais. Broca identificou o lobo límbico ( limbo= margem), o qual compreende um anel composto por um contínuo de estruturas  corticais situadas na face medial e inferior do cérebro. De acordo com os autores o interesse pela compreensão dos processos mentais e cerebrais também pode ser identificado nas investigações pioneiras desenvolvidas, no século passado – pelo fisiologista e psicólogo vienense Sigmmd Exel, pelo psicanalista Sigmmd Freud e pelo médico francês Israel Waynbaum, nas quais começou a se desenhar um conhecimento sobre redes neuronais e possíveis estruturas que comporiam os circuitos emocionais. Com a ascensão do neurologista Freud e seu método de psicanálise no inicio do século XX ênfase, passou de uma experiência consciente de processos inconscientes investigados por meio de livre associação e outras técnicas. De acordo com Freud, os processos comportamentais e mentais eram o resultado de lutas inconscientes dentro de cada pessoa entre a unidade para satisfazer instintos básicos, como sexo ou agressão, e os limites impostos pela sociedade. Com isto, as opiniões de Freud foram ganhando popularidade na Europa.

Os autores em substituição – ou ampliação – à ideia do Sistema Límbico (SL) analisam a concepção dos sistemas das emoções, os quais albergam os díspares circuitos e as redes neuronais correlacionáveis aos estados tipificados como emoção. Embora não se tenha uma definição precisa dos circuitos neuronais envolvidos no complexo “sistema das emoções”, podem ser descritas, de modo didático, algumas vias neuronais sem perder de vista que elas estão em última análise, integradas funcionalmente. Como seja: Prazer e Recompensa, Alegria, Medo, Raiva, Reações de Luta-Fuga, Tristeza, Emoção e Razão.

O Prazer e a Recompensa os autores enfatizam as emoções mais “primitivas” e bem estudadas pelos neurofisiologistas – com a finalidade de estabelecer suas relações com o funcionamento cerebral – são a sensação de recompensa (prazer, satisfação) e de punição (desgosto, aversão), tendo sido caracterizado, para cada uma delas, um circuito encefálico específico. Que para alguns pesquisadores a sensação de prazer pode ser distinguida pelas expressões faciais e atitudes do animal após sua exposição a um estímulo hedônico;  tais expressões são mantidas mesmo em indivíduos anencefálicos, sugerindo que o “centro de recompensa” deva se estender até o tronco cerebral. Acredita-se que emissões aferentes do núcleo acumbens em direção do hipotálamo lateral e ventral, globo pálido e estruturas conectadas nessa mesma região cerebral estejam envolvidas nos circuitos cerebrais hedônicos.

Já a indução de alegria-resposta à identificação de expressões faciais de felicidade, à visualização de imagens agradáveis e/ou à indução de recordações de felicidade, prazer sexual e estimulação competitiva bem-sucedida – provocou a ativação dos gânglios basais, incluindo o estriado ventral e o putâmen.

Enquanto ao medo, de acordo com os autores, as relações entre a amígdala e o hipotálamo estão intimamente ligadas as sensações de medo e raiva. A amígdala é responsável pela detecção, geração e manutenção das emoções relacionadas ao medo, bem como pelo reconhecimento de expressões faciais de medo e coordenação de respostas apropriadas à ameaça e ao perigo.

Uma das primeiras estruturas associadas à raiva foi o hipotálamo, em decorrência de estudos realizados na década de 1920, nos quais se descreveram manifestações de raiva em situações não condizentes, após a remoção total do telencéfalo.

Os autores mostram que nas reações de luta-fuga, a conexão direta entre o hipotálamo e o sistema nervoso autônomo (SNA) se dá, possivelmente, mediante projeções hipotalâmicas para regiões do tronco encefálico, destacando-se o núcleo do trato solitário.

MASIERO, André Luis et al.  analisa a tristeza e a depressão, as quais podem ser vistas como “polos” de um mesmo processo – a primeira considerada “ fisiológica” e a segunda, “patológica” – estando, por conta disso, relacionadas em termos neurofisiológicos. Os autores concluem que a emoção e razão são as informações que chegam ao cérebro percorrem um determinado trajeto ao longo do qual são processadas. Em seguida, direcionam-se para as estruturas límbicas e paralímbicas, pelo circuito de Papez, ou por outras vias , para adquirirem significado emocional. E que outra estrutura importante na integração emoção/razão é a ínsula , a qual é ativada durante a indução de recordações de momentos vividos por um indivíduo, as quais provoquem uma sensação específica, seja de felicidade, tristeza, prazer, raiva ou qualquer outra.

Esta é uma visão panorâmica da integração biológica entre as emoções e o controle neurovegetativo. Para que se adquira melhor compreensão dos mecanismos neurobiológicos fundamentais. Com isso, poderá ser capaz de aproximar o homem da compreensão de sua própria condição de homem ou até mesmo do seu convívio social.  Explicita os autores que atualmente ressurge uma tendência reducionista biológica no âmbito da psicanálise. Freud empreendeu sua crítica contra essa concepção através de duas rupturas epistemológicas: a teoria sexual e a teoria dos sonhos.

Com a Teoria Sexual, Freud desvinculou a sexualidade – até então naturalizada organicamente e moralizada culturalmente na forma de instinto reprodutivo –  da genitalidade. Freud erigiu um novo arsenal conceitual para explicar, entre outros fatos humanos, a sexualidade infantil na determinação dos destinos do indivíduo e da cultura.

Com a interpretação dos sonhos, Freud lança luz à via de acesso ao inconsciente e a seus  significados, sobrepujando o entendimento dos sonhos como mera atividade cerebral desprovida de sentido e de interesse científico. Com estas duas teorias os autores retomam pontos fundamentais da obra Freudiana, onde podem avaliar esse momento crítico pelo qual passa a psicanálise, e, a partir daí, poder mostrar caminhos para uma crítica ao reducionismo, e uma problemática aberta na psicanálise contemporânea e que , ao que tudo indica, está longe de ser encerrada. Os autores afirmam que, no campo psiconalístico atual surge vários questionamentos frente as teses biológicas. A neuropsicanálise pretende apoiar toda a produção de conhecimento sobre o inconsciente na neurociência, afirmando, entre outras  extravagâncias, que o id, o eu e o supereu têm localizações precisas no cérebro. Na psiquiatria têm questionado a real utilidade da psicanálise no mundo moderno frente ao surgimento de medicamentos mais eficientes e rápidos na eliminação de sintomas psicopatológicos (Rondinesco, 2000).

 CONSIDERAÇÕES FINAIS

O que nos permite concluir, é que realmente é necessário a psicanálise nos dias atuais, no que diz respeito aos sintomas psicopatológicos. Uma vez que ao estudar a teoria da psicanálise não se pode esquecer do estado anormal do individuo que é estudado como  psicopatologias.

            Para que seja diagnosticada a psicopatologia são verificados os sintomas que o indivíduo apresenta não são feitos exames porque não existem lesões. As classificações são, portanto, descritivas e o tratamento deve ser feito a partir da causa dos sintomas, principalmente com psicoterapia. Para que haja uma psicopatologia é necessária a ocorrência de um conflito psíquico, sendo este tão repugnante ao ego que procurará defesa. Há hipótese de que essas doenças são conseqüências de uma sedução sexual durante a infância, ou seja, um acontecimento traumático para a criança. Entretanto o paciente adulto se recorda de fantasias tão reais em seu imaginário que ele próprio acredita ter acontecido. Considera-se também o fator da hereditariedade na etiologia das psicopatologias. Não existe uma linha divisória entre o normal e o patológico, o que acontece é uma evolução gradativa do normal para o anormal.

É importante discorrer sobre como o indivíduo lida com a cultura das sociedades. Os desejos da criança na vida adulta podem influenciar na formação de traços importantes do caráter, que são classificados baseados nos impulsos catexizados numa fase relativa ao desenvolvimento psicossexual. Geralmente as escolhas do indivíduo têm relações com a vida instintiva durante a infância, pois os primeiros objetos são os dos primeiros anos de vida, consequentemente a vida adulta será os reflexos da criança e de como foi organizada a vida instintiva em relação à escolha vocacional, aos parceiros sexuais, às práticas religiosas, à moralidade, à apreciação artística, entre outros, acontecendo, porém, cada um com suas peculiaridades.

Contudo, desde que foi iniciado o estudo da psicanálise uma grande revolução aconteceu dentro da psicologia. Os objetivos da psicanálise, de permitir a compreensão do comportamento humano, visto que o homem não guia sua própria mente e sim o seu inconsciente, têm sido cada vez mais aperfeiçoados, mas como toda ciência nova, ela só será completamente aceita de uma forma gradativa pela sociedade de todo o mundo. Entretanto muitas pessoas já reconheceram a sua importância para a compreensão dos comportamentos.

A psicanálise, porém, não é a única ciência dentro da psicologia e somente ela não resolve todos os conflitos do indivíduo. Deve-se lembrar que, mesmo já com alguns anos de se ter iniciado o estudo existem muitos pontos sem confirmação, como o próprio autor diz, e sem explicação exata. É necessário ter conhecimento de todas as especialidades porque quando o paciente procura o psicólogo, está fragilizado e precisando de ajuda, e o melhor método a ser aplicado é o que vai dar o suporte para o paciente, lembrando que a psicanálise geralmente é um processo muito lento e demora meses ou anos.

            Nosso objetivo foi refletir sobre as interfaces da neurologia com a Psicanálise. É de suam importância se pensar e repensar o campo de atuação do psicanalista,  os novos tempos que vivemos com avanços tecnológicos e da ciência onde tudo muda muito rápido, evolui a cada vez mais, ficamos neuróticos, inseguros frente ao futuro. Refletir é fundamentalmente importante, isso constitui buscar conhecer mais sobre a subjetividade humana, pensar com razão e também com emoção a prática da neurologia e da Psicanálise.

            De um modo geral, os autores apoiam-se em diversos estudiosos para emitir suas conclusões. Numa das poucas oportunidades em que declara suas próprias ideias, a decisão de adotar uma postura crítica, de procurar a verdade e valorizar a objetividade é uma decisão livre. Com estilo claro e objetivo, os autores dão esclarecimentos sobre o assunto em pauta, exemplificando, impulsionando reflexão crítica e discussão teórica sobre os filósofos. Com isso auxiliaram sobremaneira a elaboração do nosso trabalho.

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