ANÁLISE DA PERCEPÇÃO AMBIENTAL DOS PROFESSORES DAS ESCOLAS DO DISTRITO DE ITAÚNAS COMO SUBSÍDIO À IMPLEMENTAÇÃO DO PROGRAMA DE EDUCAÇÃO AMBIENTAL DO PARQUE ESTADUAL DE ITAÚNAS

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Por: Johnson Pontes de Moura

Engenheiro Químico pela Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN). Mestre em Engenharia Química pela Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN). Professor do Programa de Pós-Graduação em Gestão Ambiental da Faculdade do Vale do Cricaré- UNIVC. Discente do Curso de Bacharel em Direito da Faculdade Carlos Drummond de Andrade
johnsonmoura@gmail.com

RESUMO: O presente estudo objetiva analisar a percepção ambiental dos professores da Vila de Itaúnas, no Município de Conceição da Barra – ES, em relação ao Parque Estadual de Itaúnas – PEI, sendo subsidio à implementação do Programa de Educação Ambiental e conscientização do PEI. Utilizou-se como metodologia a aplicação de questionários de múltipla escolha para que cada professor responda individualmente e possibilitar o acolhimento de informações preciosas para o estudo e pesquisa bibliográfica constituídos de livros e artigos científicos.
Conclui-se com a análise das informações que os professores são ferramentas fundamentais de apoio ao trabalho de EA, no PEI, no intuito de minimizar os conflitos que se estendem há 18 anos.
PALAVRAS-CHAVE: Escola, Educação Ambiental, Parque de Itaúnas.

INTRODUÇÃO.
O Parque Estadual de Itaúnas, Unidade de Conservação categorizada de proteção Integral segundo Sistema Nacional de Unidade de Conservação da Natureza – SNUC foi criado pelo Decreto 4.967-E de 08 de novembro de 1991, com uma área de 3.481 hectares. Está localizada no Distrito de Itaúnas, zona rural do município de Conceição da Barra, na microrregião do litoral Norte do Estado do Espírito Santo. Fica a 260 km da capital, Vitoria.
Os Parques assim como o de Itaúnas, têm como objetivo básico a preservação dos ecossistemas naturais de grande relevância ecológica e beleza cênica, possibilitando a realização de pesquisas científicas e o desenvolvimento de atividades de educação e interpretação ambiental, de recreação em contato com a natureza e de turismo ecológico.
Segundo Morais et al. (2005) a criação de Unidades de Conservação e demais áreas protegidas têm sido uma das principais estratégias de preservação e conservação da natureza e de interação do homem com espaços preservados.
No entanto, observa-se que existem diversos interesses conflitantes entre as unidades criadas e a comunidade que vive na área do entorno, como aquela que de alguma forma usa a unidade para lazer e turismo e ainda a comunidade que ainda vive dentro da unidade, por alguma razão.
O Parque Estadual de Itaúnas não é uma exceção à regra brasileira e, em muitos aspectos, a relação com a comunidade tem sido por vezes conflituosa, mesmo com o desenvolvimento de atividades de Educação Ambiental.
Observa-se uma necessidade urgente de se propor novas medidas e programas capazes de minimizar os conflitos existentes entre comunidade e o PEI.
OBJETIVO
O presente estudo tem como objetivo analisar a percepção ambiental dos professores da Vila de Itaúnas em relação ao PEI através da aplicação de questionário de múltipla escolha em três escolas da rede pública do Distrito.
O estudo realizado servirá de subsidio à implementação do Programa de Educação e Conscientização Ambiental do Parque Estadual de Itaúnas.
ÁREA OBJETO DE ESTUDO
A área objeto de estudo esta situado no município de Conceição da Barra norte do Estado do Espírito Santo na divisa com o Estado da Bahia no Distrito de Itaúnas uma vila de pescadores artesanais cercada pelo Parque Estadual de Itaúnas (figura 1,2)

Figura 2 – A Vila de Itaúnas e no seu entorno o Parque de Itaúnas.

Figura 2 – Vista aérea da praia do Parque de Itaúnas e ao fundo a maior área de alagado de ES.

METODOLOGIA

Foi adotada como metodologia a utilização de questionários para se diagnosticar através do publico alvo, os professores do Distrito de Itaúnas, a identificação da percepção ambiental dos mesmos em relação ao PEI. Dessa forma foi distribuído entre os professores o questionário para que individualmente respondessem as 12 (doze) questões de múltipla escolha e, em alguns casos específicos com solicitação de justificativas. E dessa forma possibilitar analisar com mais precisão os objetivos desejados. Também será apoiado por pesquisa bibliográfica constituídos de livros e artigos científicos.

RESULTADOS E DISCUSSÕES
A escola é certamente a principal estrutura educadora construída na nossa sociedade, no entanto, podemos utilizar como espaço educacional não somente a sala de aula, mas também outras estruturas.
Segundo Lemos e Maranhão (2008), o corpo docente das escolas tem, de modo geral uma formação fragmentada, limitadas por disciplinas especificas, que utilizam como base o conhecimento acadêmico, restrito na maioria dos casos, ao campo teórico e cartesiano, o que dificulta a compreensão sistêmica que a questão ambiental necessita, limitando conseqüentemente sua atuação.

Ainda para Lemos e Maranhão (2008), a abordagem e vivência de questões ambientais nas atividades escolares por meio de espaços e estruturas educadoras são fundamentais para uma leitura mais adequada da realidade, e conseqüentemente, para a transformação de atitudes negativas, em ações mais humanas, que repercutam positivamente não só na escola, mas em todos os aspectos da vida.

Portanto, nota-se que as Unidades de Conservação, além de serem espaços destinados à proteção e conservação dos ecossistemas, são locais onde é possível desenvolver programas de cunho educativo. Para tanto as atividades devem ser planejadas e baseadas em estudos capazes de identificar o público que se pretende trabalhar.
Neste estudo objetivou-se trabalhar com os professores do distrito de Itaúnas por vários motivos, dentre eles, o fato de serem moradores da Vila de Itaúnas, conhecerem de perto os conflitos existentes entre o Parque Estadual e a comunidade local e acima de tudo ser formadores de opinião.
Os professores envolvidos neste estudo lecionam em três escolas distintas da Vila e acompanham a vida estudantil dos alunos desde a educação infantil até o ensino médio. São elas: Escola de ensino infantil Ciranda Cirandinha, Escola de Ensino Fundamental Benônio Falcão de Gouveia e Escola Estadual de Ensino Médio Dunas de Itaúnas.
Na análise dos dados coletados, observou-se que 90,4% consideram importante a criação do Parque, 52,3% concordam que o PEI está conseguindo atingir os objetivos básicos de proteção e 71,4% afirmam que os moradores do entorno do Parque não vêem o Parque com bons olhos a presença da UC contra 28,5% que afirmam que sim. Quanto ao trabalho de EA desenvolvida no Parque, 52,3% consideram que deveriam melhorar, enquanto 33,3% acham bom. Nota-se então, a importância de desenvolver uma Capacitação em Educação Ambiental para este público, que considera importante a criação do Parque, mas afirmam que os moradores não vêem com bons olhos sua presença, por na verdade não conhecerem de perto suas normas, que os impedem de fazer uso dos recursos naturais que a Unidade protege.
Acredita-se que os professores que são os principais agentes formadores eou multiplicadores de opiniões, e a escola, como meio formal responsável pela educação dos indivíduos e conseqüentemente da sociedade, é capaz de resgatar, por meio da Educação Ambiental, uma consciência mais crítica sobre a problemática ambiental, seus problemas e motivá-los a procurar soluções/alternativas para tais situações, principalmente onde eles moram.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

O Parque Estadual de Itaúnas é mais um exemplo de um modelo de decreto de Unidade de Conservação que deixou de cumprir com requisitos mínimos de participação cidadã, devido à situação emergencial e à conjuntura regional da época.
Diante de todo o processo histórico de criação do Parque Estadual de Itaúnas que gerou e continua gerando conflitos com a comunidade local, observa-se uma necessidade urgente de minimizar estes conflitos propondo trabalhos de conscientização das pessoas do entorno no sentido de superar o individualismo e o egoísmo, pautando-se nos valores da solidariedade, da cooperação, no respeito, do compromisso com o coletivo, da participação e da responsabilidade socioambiental. Só assim será possível atingir os objetivos básicos de proteção para os quais a Unidade de Conservação foi criada há dezoito anos.

REFERÊNCIAS

Brasil. Ministerio do Meio Ambiente. Secretaria de articulação institucional e cidadania Ambiental. Departamento de Educação Ambiental. Viveiros educadores: plantando vidas.Brasilia: MMA, 2008. .

Luis Antonio Ferraro Jr. Brasília: MMa . Encontros e caminhos: formação de educadores ambientais e coletivos educadores. Organização por Luis Antonio Ferraro Jr. Brasília: MMa, departamento de educação Ambiental, 2007. Volume 2.

CEPEMAR, 2005. Plano de Manejo do Parque Estadual de Itaúnas. Encarte 2 e 5. Planejamento da Unidade de Conservação.
Ministério do Meio Ambiente, 2002. Sistema Nacional de Unidades de Conservação da Natureza (SNUC)
MORÃES, Edilaine Albertino de; VILLELA, Luciana Bittencourt; SARAHIBA, Luiz Sergio Pereira. (2005): O papel do voluntário na Gestão de áreas Protegidas. Encontro Interdisciplinar de Ecoturismo em Unidade de Conservação. ECOUC,UERJ.

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