AS REPRESENTAÇÕES SOCIAIS E O INCONSCIENTE COLETIVO: UM DIÁLOGO ENTRE DUAS LINHAS TEÓRICAS.

DEPARTAMENTO DE PÓS-GRADUAÇÃO E PESQUISA

FUNESO/UNESF-INIDERC

ALUNA: TEREZINHA PEREIRA DE VASCONCELOS

CURSO: MESTRADO EM PSICANÁLISE NA EDUCAÇÃO E SAÚDE

DISCIPLINA: REPRESENTAÇÕES SOCIAIS E PSICANÁLISE

PROFª: DRA. AURICÉLIA LOPES PEREIRA

PRODUÇÃO TEXTUAL

(REPRESENTAÇÃO SOCIAL)

Temas:

  • As Representações Sociais e o Inconsciente coletivo: Um Diálogo entre duas linhas teóricas.

 

  • As representações Sociais de Professores acerca da aprendizagem de alunos com distúrbios globais do desenvolvimento.

 

  • Teoria das representações sociais e teorias de gênero.

 

Campina Grande

Agosto de 2012

AS REPRESENTAÇÕES SOCIAIS E O INCONSCIENTE COLETIVO: UM DIÁLOGO ENTRE DUAS LINHAS TEÓRICAS.

 

INTRODUÇÃO

Terezinha Pereira de Vasconcelos

terezinhavasconcelosadv@hotmail.com

            As representações Sociais são conjuntos de explicações, de crenças e ideias, elaboradas a partir de modelos culturais e sociais que dão quadros de compreensão e interpretação do real. As Representações Sociais são características de uma determinada época e contexto histórico, por isso, a sua alteração ocorre muito lentamente.

            De acordo com Minayo (1994, p.108), as Representações Sociais podem ser definidas como “imagens construídas sobre o real”, elas são elaboradas na relação dos indivíduos em seu grupo social, na ação no espaço coletivo comum a todos, sendo assim, diferente da ação individual. O espaço público é o lugar onde o grupo social pode desenvolver e sustentar saberes sobre si próprio, saberes consensuais, isto é, Representações  Sociais.

            As Representações Sociais têm um caráter dinâmico e relacional à trajetória do grupo que a elaborou. Elas são frutos de um processo sempre atuante, desencadeado pelas ações coletivas dos indivíduos, mas implicam em um reflexo nas relações estabelecidas dentro e fora do grupo, no entanto com outros indivíduos ou outros Grupos Sociais, como resultante temos que a ação dos indivíduos é caracterizada pelas Representações Sociais que seu grupo elaborou.

            Os Grupos Sociais possuem regras, ideias e elaboram informações próprias ao longo da sua história e sob o reflexo das diferentes relações que estabelecem. Nesse processo sua identidade se constrói, dando-lhe especificidade. Entretanto, quando os elementos da identidade coletiva são questionados ou subestimados, um novo processo tem inicio: o surgimento das Representações Sociais. Elas são, para Moscovici (1978), uma resposta do grupo às intervenções externas que põem em perigo sua identidade coletiva, ou seja, para o modo como o grupo se vê e quer ser visto pelos outros.

            Segundo Farr (1994, p.32), Moscovici partiu do conceito de representação coletiva elaborado por E’mile Durkheim para construir sua própria teoria. Desse modo, apreende daquele conceito a noção fundamental de que as representações são construídas socialmente pelos grupos e se caracterizam como imagens da realidade.

            Moscovici ainda afirmou nos seus estudos que existem duas formas de Representação Social, a Ancoragem e a Objetividade.  A 1ª faz referencia às ideias abstratas que ganham um formato real, já a 2ª desenvolve novas imagens de um assunto e propicia a criação de novos conceitos a partir de um assunto.

            Moscovici apresenta suas ideias sobre as Representações Sociais. Explicita que as Representações Sociais apresentam duas importantes funções: Convencionalizar e prescrever objetos, pessoas ou acontecimentos. Tais representações são diferentes em cada sociedade, ao mesmo tempo em que as ultrapassam. Discute sobre o campo da Psicologia Social na Europa, destacando as contribuições dos Estados Unidos nessa área. Para ele, os norte-americanos contribuíram na área, por serem mais preocupados com a sua própria realidade, ou seja, mais ligados a essência da psicologia social do que os europeus, que procuram ter uma visão mais ampla da sociedade e não se focam nos problemas sociais mais simples. Destaca, ainda, o importante papel dos psicólogos europeus que deveriam ter para as ciências sociais e para a sociologia, o que na prática não ocorria (MOSOVICI, 2007).

            O que nos permite concluir é que, o estudo da Representação Social se mostra importante para compreender o avanço da sociedade e o comportamento do indivíduo inserido num grupo, e que esse estudo não se limite a uma única área e sim, procure compreender o homem e a sociedade em sua multiplicidade e complexidade.

AS REPRESENTAÇÕES SOCIAIS DE PROFESSORAS ACERCA DE APRENDIZAGEM DE ALUNOS COM DISTÚRBIOS GLOBAIS DO DESENVOLVIMENTO

No Brasil, são poucos e recentes os estudos sobre crianças que apresentam autismo e psicose infantil. Tanto no campo da Saúde quanto no da Educação, faltam dados sistematizados sobre quem são e onde estão estas crianças, sobre os serviços oferecidos, o percurso escolar e as possibilidades de atendimento, uma parcela significativa dos profissionais desconhece o que sejam estes transtornos, a desinformação e o preconceito acabam contribuindo para uma situação de desamparo e exclusão social, sobretudo daqueles menos favorecidos economicamente.

            Os transtornos globais do desenvolvimento, formam um grupo heterogêneo de distúrbios da infância e compreendem o autismo, o autismo atípico, a síndrome de Asperger, a Síndrome de Rett e o transtorno global do desenvolvimento não especificado de outra maneira. Considerando a heterogeneidade clínica desses distúrbios, os diferentes instrumentos diagnósticos utilizados, a variedade de achados laboratoriais e a possibilidade de associação com outras condições médicas, faz-se necessário que indivíduos com características autísticas sejam minuciosamente avaliados. A prevalência de condições geneticamente determinados reforça a necessidade de avaliação clínica e laboratorial meticulosa em indivíduos com transtornos globais do desenvolvimento, devendo incluir anamnese cuidadosa e diagnóstico baseado em critérios clínicos bem estabelecidos, além de exame de cariótipo complementado com a pesquisa citogenética ou, preferencialmente, molecular da síndrome do cromossomo x frágil. Outros exames dependeriam da avaliação individual de cada caso.

            Abordar a escolarização de crianças e adolescentes com Transtornos Globais do Desenvolvimento é deparar-se com um campo em construção. Nesse caminho, marcado por dúvidas e respostas provisórias, a escola e a educação emergem cada vez mais como espaços possíveis desde que seja superada a concepção de escola como espaço social de transmissão de conhecimentos em seu valor instrumental e adaptativo. Há então, um enorme trabalho a ser feito no sentido de questionar as interpretações mais estreitas, alargar perspectivas e flexibilizar os processos educacionais.

TEORIA DAS REPRESENTAÇÕES SOCIAIS E TEORIAS DE GÊNERO.

            É a técnica do discurso do sujeito coletivo (DSC), desenvolvida por Lefevre. De acordo com as representações sociais dos sujeitos da pesquisa, a informação é a base para a construção do conhecimento e é compreendida como um fenômeno humano que se relaciona à produção de sentido. O conhecimento sistemático é compreendido como a informação que pode ser socialmente transmitida.

            A tematização sobre o conceito de gênero, não é nova, porém socializá-la para além dos espaços educativos urbanos se faz necessária e importante. Com esse intento indicamos a perspectiva da ideologia de gênero e recorremos à teoria e ao conceito de gênero permeiam os estudos das Ciências Humanas e Sociais, estendendo-se, recentemente, segundo Louro (2000) às Ciências da Educação.

            As contribuições de Scott para esse debate, representam um auxílio com base em sua proposição, para um novo paradigma teórico que passa a considerar gênero como uma construção social e histórica das diferenças percebidas entre os sexos e, como uma forma primária de dar significado às relações de poder.

            Scott (1995) pode ser definida como autoria que tem como embasamento as abordagens sociais críticas, que concebem a sociedade como palco de conflitos e o sujeito como ser ativo. Postula que as relações assimétricas são construções sociais e são apresentadas simbolicamente como naturais, Scott questiona a naturalização das relações assimétricas de gênero, reapresentando-as com construções sociais.

            “O que se pretende com a luta feminista: uma sociedade sem desigualdade de gênero e//ou uma sociedade sem diferenciação simbólica entre o masculino e o feminino?” (Rosemberg, 2005). Guiadas pelas reflexões desse(as) autores(as) podemos ampliar esses conhecimentos para o contexto de vida das mulheres que se situam no campo. Nesse sentido a área de estudos de educação no e do campo, por ser “nova”, necessita de vários aportes teóricos que muito auxiliarão os movimentos sociais que afloram e aflorarão desse contexto permeado pro relações de poder, entre elas: a de gênero.

CONCLUSÕES FINAIS

            A Representação Social é um recurso muito importante para se viver em sociedade, isso porque ela engloba explicações, ideias e manifestações culturais que caracterizam um determinado grupo. A Representação Social acontece a partir da interação dos indivíduos e apesar do homem viver em um ambiente, ele não perde os atributos típicos de sua personalidade.

            Enquanto que a Representação Social de Professores acerca da aprendizagem de alunos com Distúrbios Globais de Desenvolvimento, é deparar-se com um campo em construção, onde a escola e a educação emergem cada vez mais como espaços possíveis desde que seja superada a concepção de escola como espaço social de transmissão de conhecimentos em seu valor instrumental e adaptativo. A Escola deve ser capaz de qualificar o professor para promover a inclusão social e educacional e o desenvolvimento infantil, tanto no âmbito da educação pública quanto privada. Assim uma educação inclusiva pressupõe a educação para todos, não só do ponto de vista da quantidade, mas também da qualidade.

            E finalmente, abordaremos a Teoria das Representações Sociais e Teorias de Gênero, onde não há de se comentar de que as mulheres sabem inovar na reorganização dos espaços físicos sociais, culturais, intelectuais e científicos. Enfim, sabem inovar, abrindo o campo das possibilidades interpretativas propondo temas de investigação, incorporando inúmeros sujeitos sociais, construindo novas formas de pensar e viver uma realidade em seu universo de relações com o mundo masculino, numa proposta bastante enriquecedora e inovadora.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ARRUDA, Ângela. Teoria das Representações Sociais e Teoria de Gênero. Rio de Janeiro, 2002.

GUARECSHI, Taís. As Representações Sociais de Professores acerca da Aprendizagem de Alunos com Distúrbios Globais do Desenvolvimento. UFSM. GT: Educação Especial / n.15 – CAPES.

PINOTTI, Rita de Cássia. As Representações Sociais e o Inconsciente Coletivo: Um Diálogo entre Duas Linhas Teóricas. Curitiba, 2004.